Disponibilizmos uma reportagem interessante sobre os desafios da EJA extraídas do site da
Revista Nova Escola.
Reportagem extraída de http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/modalidades/eja-plano-618045.shtml
Como em diversas áreas descritas nesta edição especial, a Educação de
Jovens e Adultos (EJA) passou por muitas mudanças, com importantes
conquistas na legislação nos últimos 25 anos. Porém é difícil fugir da
conclusão de que essa modalidade de ensino está relegada ao segundo
plano na agenda dos governantes e da própria sociedade. Basta ver as
alarmantes estatísticas sobre analfabetismo: 14,1 milhões de brasileiros
com mais de 15 anos (9,7% da população) que não sabem ler nem escrever e
mais de 38 milhões de analfabetos funcionais, incapazes de entender um
texto mais complexo que um bilhete simples.
Os especialistas
são unânimes em afirmar que a única forma de melhorar os indicadores é
respeitar as especificidades desse público - gente que não terminou, ou
nem sequer iniciou, o ensino regular. Entre os problemas apontados,
estão o currículo (muitas vezes uma adaptação dos conteúdos do Ensino
Fundamental), a formação inadequada dos professores, a prática de
convocar voluntários (muitos sem preparo) para alfabetizar jovens e
adultos e a polêmica em torno da idade mínima para matricular-se na EJA
(hoje é 15 anos, há quem lute para aumentar para 18 anos, numa tentativa
de forçar os mais jovens a permanecer nas redes regulares de ensino).
De um lado, a EJA passou a receber mais recursos graças ao Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb), ainda que os valores pagos sejam os
menores do sistema. De outro, há uma variedade de programas surgidos nos
últimos anos, como Brasil Alfabetizado, Programa Nacional de Inclusão
de Jovens (Projovem) e Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária
(Pronera), que concorrem com a EJA e revelam as dificuldades de apontar
um caminho eficaz para o setor.
O resultado dessa falta de
consenso são altos índices de evasão: 42,7% dos 8 milhões de brasileiros
que frequentaram classes de EJA até 2006 não concluíram nenhum segmento
do curso, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)
de 2007. E, tão preocupante quanto, a redução no total de matrículas
nesse segmento: de 3,5 milhões de estudantes, em 2006, para 2,8 milhões,
no ano passado, apenas no Ensino Fundamental. Mudar essa realidade é
essencial para garantir que o Brasil ocupe um lugar de mais destaque no
cenário internacional.